27 de fev. de 2007

O Loop Dicotômico

Bem sabemos nós, Seres Iluminados, que o profundo entendimento da Física Quântica transforma nossa maneira de ver o mundo. Aliás, bem sabemos que o próprio mundo pode ser transformado, se soubermos vê-lo da maneira correta. Eis um semi-aforismo que convém ser lembrado.

Há uma dúvida que persiste na cabeça de muitos novos discípulos dos ensinamentos quânticos, que é a seguinte: 'já que a física quântica me permite objetivamente mudar a realidade à meu bel prazer, o que garante que a realidade, incluindo minha consciência, é real?'

Esta intrincada questão já foi muito estudada pelos profissionais do Instituto e descobrimos que variações da mesma, excluído o teor quântico, podem ser encontradas em textos que variam desde a Idade Antiga até o Renascimento. Filósofos como Aristóteles, Platão, Rousseau, Kant, entre outros gênios, já se debatiam com o problema da real realidade. Felizmente para nós, vivemos em uma época de culto à Ciência, na qual sofismas do passado podem finalmente ser enterrados! Estes filósofos dariam os dois olhos para viver no Hoje nosso, desde que tivessem tradutores por perto, uma vez que, para homens cultos, viver numa época sem poder ler não é viver.

Como o intuito do Instituto é patrocinar o pensamento crítico e o raciocínio lógico, não daremos a resposta à enigmática questão prontamente. Ao invés, guiaremos o leitor em um tour-de-force mental. Através da nossa orientação, ele chegará facilmente ao veredito que demorou séculos para ser compreendido pelos homens e mulheres da Ciência.

Eu e Eu mesma: iguais, mesmo sendo diferentes

Exercício mental lógico de raciocínio (repita mentalmente as enunciações e uso seu tempo para compreendê-las, atingindo assim o Entendimento): 'Eu existo? Há duas opções: sim e não. Porém, apenas uma delas é viável. Sim, eu existo, já que estou pensando neste momento sobre a minha existência. Se não existisse, não pensaria; mesmo que pudesse pensar, se eu não existisse, não haveria sobre o que pensar (Louvado seja Descartes! -- não precisa repetir esta observação--). Assim, concluo que Eu existo. Porém, através da compreensão da Física Quântica, pude manipular a realidade de acordo com minhas vontades mais secretas. Assim, será que a realidade é real ou será que apenas Eu sou real e vivo em uma realidade não-real?'

Após raciocínios iniciais, chegamos ao ponto crucial. Primeiramente, concluímos que Eu (você também, não se preocupe!) existo. Agora, temos de contornar a seguinte questão lógica: será que a minha realidade sou Eu mesmo quem crio, ou será ela a criação de outrem? Uma difícil e profunda questão, mas nós do Instituto estamos aqui justamente para ajudar nesta hercúlea tarefa de aprendizado, com a ajuda dos mais novos fatos científicos. Respire fundo e prossigamos.

Parte 2: 'Se a minha realidade sou Eu quem crio, porque será que sofro? As grandes desgraças e tragédias que o Destino do Cosmos coloca em meu caminho retiram minhas energias, forças e vontades, entregando-me ao medo. Eu não gosto daquilo que tenho medo. Dessa maneira, percebo que não posso ser Eu quem cria minha realidade, já que nunca moldaria minha existência com base nos medos, que tando rejeito. Assim, percebo que Eu existo, mas me mantenho preso numa realidade que não é diretamente controlada por mim. Agora, será que há alguém controlando minha realidade, uma Inteligência superior? Já que minha vida não é perfeita, já que sofro muito e batalho para Conhecer, sei que uma suposta Inteligência ou é maligna ou não me conhece, já que me faz sentir medo. Porém, sei também que é através da dor e do sofrimento que alcanço novos limiares, que cresço como ser humano, que me aperfeiçoo. Assim, a suposta Inteligência quer meu bem; o Cosmos quer me fazer crescer. Porém, sabendo que Eu existo e me conheço, como pode o Cosmos querer meu bem, me conhecer tão bem, saber de meus prazeres e medos? Concluo que a Inteligência, se realmente existir, sou Eu.'

Este é o chamado 'Loop Dicotômico' pelos estudiosos físicos, ou 'Loop Eu-Eu'. Perceba que não importa o caminho que nosso raciocínio siga, a conclusão sempre é a de que Eu sou o agente transformador da realidade. Quando dois ou mais caminhos se encontram num lugar comum, chamamos de loop, por isso a definição dos físicos. O único porém é que, no caso deste loop específico, um nome melhor adaptado seria 'Loop Unicotômico' ou 'Loop Monocotômico', ou apenas 'Loop Cotômico', já que se trata da unidade Eu-Eu. Falaremos mais sobre o famoso 'Loop' em posts próximos.

Por enquanto, concluímos que Eu existo e que a Realidade é real, mesmo que seja falsa e criada por Eu mesmo para Eu viver, mesmo que Eu não saiba disso.

Se todos estes jargões extremamente técnicos amedrontam-lhe, fique tranqüilo. Aos poucos, como Crianças na Ciranda do Universo, vamos dissecando este palavreado difícil e rebuscado da Ciência. Nossos primeiros passos, sempre desequilibrados, aos poucos ganham harmonia e vida. Para tanto, basta lembrar-nos que mesmo grandes gênios modernos, como Richard Feynman (prêmio Nobel de Física), sentiam dificuldade quando o assunto era Física Quântica...

"I think I can safely say that no one understands quantum mechanics." -Feynman

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu gostaria de saber onde fica esse Instituto. Não achei nada na web que se referisse a ele.